sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O Cavaleiro e o Dragão




   O vento frio da noite raspava em seu rosto, o trotar veloz do cavalo ritmava-se com seu coração palpitante, sabia que essa estrada o levava ao momento de sua vida, a batalha contra o ultimo dragão. Não era o único caçador de dragões, mas com certeza o mais destemido.
   Chegou a enorme entrada da caverna onde a besta habitava. Deixou o cavalo à entrada e pôs-se em direção ao confronto.
   A caverna era fria e escura, a luz da lua não adentrava no local, ele não contava com isso e temeu um ataque furtivo da criatura em meio à escuridão, pensou em sair e retornar com uma tocha. Neste momento uma rajada flamejante foi lançada da escuridão a sua frente, instintivamente o cavaleiro ergueu o escudo, mas não foi necessário usá-lo, pois  o fogo passou distante de si, atingindo um amontoado de madeira a sua direita criando uma fogueira.
   As chamas iluminaram o local, e assim ele avistou a criatura, o ultimo dragão. Era o maior que já havia visto, estava a sua frente deitado de bruços mas com o pescoço erguido, mostrando a imponência que só os dragões possuem:
- Presumo que veio matar-me. (Disse o Dragão em sua voz grave e rouca, porém de alguma forma suave e mansa).
- Já estás morta criatura, só não sabes.
- Se tua espada for tão afiada quanto tua língua, de fato, estou com problemas.
- Zombas de mim?!
   O cavaleiro preparou o golpe, mas a pergunta do Dragão o parou:
- Por que me odeia?
- És um Dragão, e perguntas por que te odeio? (questionou o cavaleiro).
- Não escolhi ser o que sou.
- Mas escolhestes tuas ações, tu e os da tua raça queimais o meu mundo para se alimentar das cinzas.
- Teu mundo?! Meus antepassados já desbravavam os céus quando tua espécie se deliciava em chafurdar-se na lama.
- Se calculas pelo tempo verás que o mundo é das baratas, calcule pela quantidade e admita que pertence aos homens.
- O domínio da tua raça te deu o direito de matar a minha?
- Não, as tuas ações me deram.
- Já me viu atacando? (perguntou o Dragão semicerrando os olhos).
- Talvez.
- Garanto que se tivesse visto não te esquecerias.
- Vede, admites que atacou humanos. (gritou o cavaleiro brandindo a espada).
- Não cavaleiro, admito apenas o instinto que habita em mim, jamais pronunciei ataque a tua espécie.
   O cavaleiro percebeu que havia diferença. Sentiu algumas duvidas penetrarem seu coração. Neste momento refez sua guarda gritando:
- Não penses que tuas palavras me impedirão de matar-te.
- Não desejo te impedir, por que desejaria?
   Achou que seus ouvidos o estavam enganando:
- Como?(perguntou o cavaleiro).
- Por que deveria eu resistir à morte?
- Não clamarás por tua vida?
- Onde está o sentido da minha vida? Se sigo meus instintos e faço uso de minhas chamas, causo ira a tua espécie e estes me caçam... Meus companheiros de raça foram mortos, já não há mais companhia ao mergulhar nas nuvens... O céu já não me satisfaz, a noite é silenciosa, e os rastros das minhas chamas são sinais para meus caçadores. Sou o ultimo da minha espécie e não haverá outro após mim... Por que deveria resistir a minha morte?
   O cavaleiro meditou nas palavras do Dragão sentindo o pesar que havia nelas. Ao baixar a guarda o Dragão moveu-se velozmente o tragando entre seus dentes e o devorou.
   Cuspiu a espada e a armadura numa pilha de ossos atrás de si, apagou a fogueira e recostou a cabeça ao chão esperando que o próximo cavaleiro seja como os outros e use a língua ao invés da espada.

Por Marvim Mota

Contato Alienígena




   Primeiro vieram os boatos, e como todos nós sabemos: Boatos não merecem credito. Então a vida seguiu.
   Mas a NASA confirmou e a TV anunciou. Como todos nós sabemos: A TV não mente.
   Sim, uma nave espacial estava vindo em direção a Terra. Ouve pânico: Seria um ataque? Uma invasão? Uma tentativa de aliança planetária? Um estudo sobre anatomia e hábitos humanos? Muitas duvidas e nenhuma resposta.
   A NASA tentou um contato via satélite, mas não ouve retorno. Calcularam o horário e local de pouso dos alienígenas... Xiquexique, Bahia, Brasil. As duvidas aumentaram: O que havia nessa minúscula cidade?
   Rapidamente procuraram registros de alguma anormalidade no local, mas nada foi encontrado. Enquanto isso, tropas militares armaram base ao redor da área de pouso, munidos de artilharia pesada, com apoio aéreo e (secretamente) ogivas nucleares caso fosse necessário.
   Ao horário calculado (12h25min), as nuvens abriram espaço, e o enorme disco voador surgiu no céu. A nave pouso, até o mais bem equipado soldado tremeu: Seria esse o fim da raça humana?
   Uma porta se abriu, dela pôde-se avistar a criatura, um alienígena, sim, um autêntico extraterrestre. Da maneira como o imaginamos. Baixinho, verde, olhos pretos enormes e uma cabeça grande (não tão grande quanto a deste autor que vos fala).
   As armas foram apontadas. O capitão bradou pelo megafone a principal pergunta: Vieram em paz?
   O ET caminhou a frente com o olhar fixo ao chão, parecia não ter ouvido, ou estava ignorando... Andou mais um pouco e parou. Só então os terráqueos presentes observaram o pequeno formigueiro que havia ali. O alienígena agachou e observou imóvel as formigas... Levantou-se, voltou para a nave e foi embora.

Por Marvim Mota
“Um dia os homens irão descobrir que esses discos voadores estavam apenas estudando a vida dos insetos.”
(Mario Quintana)