quinta-feira, 26 de julho de 2012

A Carta




   Olá, faz um tempo que não nós falamos, eu vim por meio dessa carta tentar retomar isso. É provável que não reconheça mais a minha escrita, portanto vou me apresentar... Sou eu, o Espírito Santo.
   Ultimamente tenho lembrado o nosso primeiro encontro, não sei se você lembra, mas, eu nunca me esqueci: Você orava de olhos fechados, eu te olhei e achei aquilo tão lindo... Sua sinceridade, sua inocência. A medida que eu me aproximava, suas pernas tremiam, e quando eu te abracei, foi como uma explosão. Você não entendia direito o que estava acontecendo, mas, não queria que acabasse.
   Depois daquele dia você estava cheio, se pudesse evangelizava o mundo inteiro. Naquele tempo tivemos muitos momentos juntos, mas alguns realmente me emocionaram. Como daquela vez que você decidiu fazer uma apresentação pra mim. Estava tudo tão lindo, tão verdadeiro que eu não me contive em ficar só olhando e decidi participar com você. A minha presença afetou tanto você que quase não conseguia terminar a apresentação.
   Foram momentos realmente belos. Quando você cantava, quando você tocava, quando você dançava... Verbos no passado... Acredito que começou quando você assistia a aquele filme que continha umas coisas meio obscenas no meio. Eu sabia o que viria, então falei no seu ouvido:
- Por que não para pra ler a Bíblia?
   Você ouviu, pensou e escolheu o filme. No momento das cenas que eu mencionei você nem se preocupou em avançar, pensou:
- Que mal pode haver?
   E usou os olhos que eu santifiquei para apreciar o pecado e lembrar-se do mundo.
   Em outra vez, você estava com aqueles seus amigos que não são cristãos. Eu nunca vi mal nisso, até por que você fazia a diferença entre eles... Até aquele momento. Um deles havia comentado um caso engraçado que aconteceu. Logo em seguida outro disse que isso parecia uma piada, e logo elas vieram. A sessão de piada começou bem natural, algumas eram realmente bem engraçadas, mas logo ganharam certa vulgaridade, e depois se tornaram visivelmente imorais. Lembrei a você que não devia estar ali, mas você não queria sair, estava se divertindo. Então você abriu a boca e contou o caso mais sujo do que todos aqueles já mencionados. Todos riram, exceto eu. Foi demais pra mim, aqueles eram os lábios que me adoravam? Que cantavam louvores a mim?
   Com o tempo, você já não lia a palavra, reduziu a freqüência nos cultos e deixou de falar comigo.
   Mas ouve aquele culto, lembra? Eu tive liberdade para agir e estava tocando na maioria da congregação. Foi maravilhoso. E em meio a aquela agitação... Eu ouvi a sua voz, estava falando comigo, estava orando novamente! Você disse que estava triste, por que toda a igreja sentia minha presença, era tocada por mim e você não sentia nada. Você sentiu minha falta, você queria um abraço meu.
   Eu corri para abraçá-lo... Mas, não consegui. Você estava sujo, o odor do pecado estava impregnado em você. Eu queria, eu tentei, mas não pude.
   Esperei você chegar a sua casa pra conversar, mas você se deitou e dormiu. Tudo bem... Estava cansado, eu entendo. Esperei que você falasse comigo no dia seguinte, mas não teve tempo... Até que você se acostumou com a minha ausência.
   Então lhe enviei essa carta, eu sei que agora está com receio, mas não tenha medo, não é uma carta de repreensão, só quero que veja a historia do meu ponto de vista, quero que saiba o que senti... O que ainda sinto... Eu sinto saudade de você, sinto falta da sua alegria, sinto falta de sua voz cantando, sinto falta dos nossos momentos. Sinto falta da nossa amizade.
    Ainda estou esperando, e você sabe que estarei ouvindo caso queira me dizer algo agora.

Com amor... Seu amigo: Espírito Santo.

“Digitado por” Marvim Mota

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