No principio havia o
homem e a mulher, eles viviam no Kansas e tinham a normal vida pacata de
fazendeiros. Até o dia em que as estrelas caíram do céu, no fragmento das
estrelas eles encontraram um bebê. Levados pela misericórdia e crendo ser um
milagre o tomaram como filho.
Com o passar dos
anos não foi difícil perceber que não era humano: Nada o feria, sua força era
inigualável, as chamas do sol saiam de seus olhos e o céu não era seu limite.
Alem destas, outras características deixavam claro que o garoto não era um de
nós, assim como ele mesmo percebeu.
O homem e a mulher o
ensinaram que devia agir como um humano, e evitar problemas. O garoto observou
os humanos e assimilou a si aquilo que viu neles... Quando estava com os demais
agia como um tolo, desengonçado, “míope”, com um penteado ridículo. Não
compreendia a busca pelo dinheiro, assim como o emprego, mas eram hábitos
terráqueos e quando chegou o momento ele escolheu o disfarce de jornalista.
Pois os humanos sempre buscavam conhecer o mundo, mesmo não se conhecendo.
Em seu trabalho de
jornalista viu que a violência e o caos humano eram maiores do que imaginara.
Eles destruíam-se de diversas maneiras... Ao mesmo tempo clamavam por alguém
que os salvasse.
Decidiu realizar uma
parte da utopia humana. Precisava de um uniforme tão ridículo como suas fúteis
motivações. Sim, um collant azul, uma capa vermelha, um par de botas e uma
cueca vermelha por cima do collant apertado. Era agora a infantilidade humana
materializada.
Voou cortando o céu,
impediu assaltos, apagou incêndios, deteve assassinatos, finalizou seqüestros e
foi noticia... O sol se pôs, depois de um tempo a lua também, esse foi o
primeiro dia.
Foi divertido por um
tempo, sempre sorria quando o ovacionavam, era engraçado ver como eram bobos.
Ouve músicas e galerias de arte em sua homenagem, virou moda usar cueca por
cima da calça. E quando algo era excelente todos diziam que era “super”.
Mas a brincadeira
perdeu a graça, sempre soube que não resolveria as mazelas humanas... Mas
começou a se importar, e sabia que lutar contra bandidos e incidentes naturais
não resolveria. A brincadeira acabou.
Queimou o uniforme,
e trajou-se de calça social, terno e gravata. Pensou em pronunciar-se pela
internet, mas mudou de idéia e voou até uma emissora de TV. Lembrou-se que os
humanos não contestam a televisão.
Em uma transmissão
mundial afirmou:
- O mundo é meu.
Em seguida iniciou o
extermínio dos lideres mundiais. As forças armadas uniram-se para impedi-lo,
inutilmente. As nações que antes tinham suas diferenças uniram-se para
eliminá-lo. Mas seus exércitos não prevaleceram, pois armas são maquinas
empunhadas por humanos e ele era um deus. E deus não morre.
Vencida a guerra: Depôs
os governos, unificou as nações, desfez o mundo de armamentos nucleares,
destruiu o comercio (tudo é de todos), plantou no deserto, distribuiu alimento,
acabou com a fome, matou os criminosos, acabou com a violência... Em tese,
salvou o mundo.
Mas por que há temor
no coração dos homens? A paz reina. Por que as crianças choram quando o vento
sopra? A fome acabou. Por que caminham olhando fixo para o chão? Por que há
silencio nas ruas? Por que temem o céu?
Contemplai
humanidade, teu temor foi deposto e é a ti mesmo que temias. Vede pois a
realização do teu delírio. Vede; eu anuncio-vos o Superman, é ele esse raio, é
ele esse delírio.
Por Marvim Mota
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