quinta-feira, 26 de julho de 2012

Übermensch




 No principio havia o homem e a mulher, eles viviam no Kansas e tinham a normal vida pacata de fazendeiros. Até o dia em que as estrelas caíram do céu, no fragmento das estrelas eles encontraram um bebê. Levados pela misericórdia e crendo ser um milagre o tomaram como filho.
  Com o passar dos anos não foi difícil perceber que não era humano: Nada o feria, sua força era inigualável, as chamas do sol saiam de seus olhos e o céu não era seu limite. Alem destas, outras características deixavam claro que o garoto não era um de nós, assim como ele mesmo percebeu.
  O homem e a mulher o ensinaram que devia agir como um humano, e evitar problemas. O garoto observou os humanos e assimilou a si aquilo que viu neles... Quando estava com os demais agia como um tolo, desengonçado, “míope”, com um penteado ridículo. Não compreendia a busca pelo dinheiro, assim como o emprego, mas eram hábitos terráqueos e quando chegou o momento ele escolheu o disfarce de jornalista. Pois os humanos sempre buscavam conhecer o mundo, mesmo não se conhecendo.
  Em seu trabalho de jornalista viu que a violência e o caos humano eram maiores do que imaginara. Eles destruíam-se de diversas maneiras... Ao mesmo tempo clamavam por alguém que os salvasse.
  Decidiu realizar uma parte da utopia humana. Precisava de um uniforme tão ridículo como suas fúteis motivações. Sim, um collant azul, uma capa vermelha, um par de botas e uma cueca vermelha por cima do collant apertado.  Era agora a infantilidade humana materializada.
  Voou cortando o céu, impediu assaltos, apagou incêndios, deteve assassinatos, finalizou seqüestros e foi noticia... O sol se pôs, depois de um tempo a lua também, esse foi o primeiro dia.
  Foi divertido por um tempo, sempre sorria quando o ovacionavam, era engraçado ver como eram bobos. Ouve músicas e galerias de arte em sua homenagem, virou moda usar cueca por cima da calça. E quando algo era excelente todos diziam que era “super”.
  Mas a brincadeira perdeu a graça, sempre soube que não resolveria as mazelas humanas... Mas começou a se importar, e sabia que lutar contra bandidos e incidentes naturais não resolveria. A brincadeira acabou.
  Queimou o uniforme, e trajou-se de calça social, terno e gravata. Pensou em pronunciar-se pela internet, mas mudou de idéia e voou até uma emissora de TV. Lembrou-se que os humanos não contestam a televisão.
  Em uma transmissão mundial afirmou:
- O mundo é meu.
  Em seguida iniciou o extermínio dos lideres mundiais. As forças armadas uniram-se para impedi-lo, inutilmente. As nações que antes tinham suas diferenças uniram-se para eliminá-lo. Mas seus exércitos não prevaleceram, pois armas são maquinas empunhadas por humanos e ele era um deus. E deus não morre.
  Vencida a guerra: Depôs os governos, unificou as nações, desfez o mundo de armamentos nucleares, destruiu o comercio (tudo é de todos), plantou no deserto, distribuiu alimento, acabou com a fome, matou os criminosos, acabou com a violência... Em tese, salvou o mundo.
  Mas por que há temor no coração dos homens? A paz reina. Por que as crianças choram quando o vento sopra? A fome acabou. Por que caminham olhando fixo para o chão? Por que há silencio nas ruas? Por que temem o céu?
  Contemplai humanidade, teu temor foi deposto e é a ti mesmo que temias. Vede pois a realização do teu delírio. Vede; eu anuncio-vos o Superman, é ele esse raio, é ele esse delírio.

Por Marvim Mota

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