quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A Mentira


   Claudio fechou a porta atras de si e foi se arrastando pela sala, teve um dia cheio no trabalho, tudo que mais queria agora era tomar um banho e dormir:
-Rápido! Rápido  Toma banho que a gente já ta atrasado. (diz sua esposa Sônia passando por ele com as sandálias na mão).
- Atrasados? Pra que?
- Pra reunião na igreja, esqueceu? O pastor não quer que nimguem falte.
   A reunião, é claro. Claudio passa a mão pelo rosto franzindo o cenho. Não consegue entender por que o pastor faz tantas reuniões: Reunião pra tratar das crianças, reunião pra oração, reunião da reforma, reunião pra cantina... Ele é o pastor, ora bolas, não era ele que devia decidir?
- Não vou. (Disparou Claudio).
- Como é?
- Olha Sônia, eu to cansado, quero dormir. Se quiser, pode ir.
- Eu não posso ir sozinha. Se chegar lá sem você vão pensar que a gente brigou, que você ta desviado ou sei lá o que.
- Então não vai. (Disse ele já entrando no banheiro).
   Depois do banho, ele deitou. Sônia foi assistir um pouco... O telefone toca:
- Alô?
- Paz do Senhor irmã Sônia.
   O pastor!
- A paz pastor! Que surpresa!
- Só queria saber como estão.
- Ah... tudo na benção.
- Bem, é que...
   Ah não, agora o pastor iria repreende-la, da-lhe um sermão longo sobre aqueles que fazem a obra do Senhor de forma negligente... Ela não iria aguentar, como olharia para o pastor no domingo? Então o interrompeu antes que começasse:
- O Claudio está doente.
- Doente? O que ele tem?
- Ah, é... Febre, olhos vermelhos, dor no corpo, uma coisa bem estranha.
- Mas ele estava tão bem.
- Pois é pastor, essas coisas acontecem.
- Bom, eu to perto dai, vou passar aí rápido pra vê-lo.
- Não pastor, não...
   Já havia desligado. Sônia corre para o quarto pra acordar o marido e contar o caso:
- Por que você fez isso? ( Irritou-se ele).
- O que queria que eu dissesse?
- Tudo bem, quando ele chegar eu explico tudo.
- Ótimo, então diz a ele também que preferiu ficar dormindo do que ir pra reunião.
   Claudio lança-lhe um olhar de espanto como se só agora lembrasse de tudo. De repente, duas batidas na porta:
- É ele. (Sussurra Sônia).
- Shhh.
   Depois de poucos minutos as batidas sessaram. Os dois continuaram em silencio. O celular toca:
- A paz pastor. (Atende Sônia arregalando os olhos pra Claudio que agora perambula pela sala).
- Ah o Senhor esteve em casa? Bom, é que... O Claudio piorou, Apareceram manchas verdes nele, e as unhas... Ficaram azuis... É azuis, é... Aí eu tô no táxi a caminho do hospital, quando eu chegar lá ligo pro senhor.
   Ela desliga, Claudio suspira:
- É melhor a gente dormir. (Fala ele).
- E depois?
- Depois o que?
- O que vamos dizer? (Pergunta Sônia preocupada).
- Ah, diz que foi um milagre, sei lá, qualquer coisa.
   Os dois deitam, em poucos segundos dormem. No meio da madrugada o celular toca. Meio sonolenta Sônia atende:
- Alô?
- Sônia! Como ele está?! Ta melhor?!
   O pastor! Sônia salta na cama ficando de pé sobre ela, no movimento, Claudio acorda gritando. O pastor preocupado pergunta:
- Jesus! É a voz dele! Sônia! O que aconteceu?!
- Er... Ele... Ele...
   Claudio percebe o que ha e revira os olhos. Sônia lhe chuta o braço e ele grita novamente. Ela embarga a voz:
- Ah pastor ele piorou.
- Mais?! (Indaga o pastor em espanto).
- A cena é horrível, a barriga cresceu e o cabelo caiu.
- Misericórdia Senhor! Irmã isso não é normal!
- Deve ser coisa do inimigo. (Diz ela simulando choro).
- Me diga em que hospital vocês estão, que eu vou até aí orar por ele.
- NÃO! (Grita ela).
- Não?!
- Não... Não...
   Sônia começa a gritar e chorar, Claudio arregala os olhos confuso:
- Não! Não meu Deus!
- Sônia! O que ouve irmã?!
- O CLAUDIO MORREU PASTOR!!!
- Oh Jesus... Irmão Claudio não!
   O pastor desaba em prantos. Sônia ainda gritava, Claudio pedia pra ela ser mais cautelosa para não acordar os vizinho:
- POR QUÊ?! CLAUDIO NÃO! OOOOIII PASTOR!!!
   Ainda em meio as lagrimas o pastor lembra da igreja:
- Irmã, vou cancelar a reunião de amanhã, pra quer possamos orar para o Senhor lhe dar forças.
- Iria ter outra reunião amanhã?
- Não irmã, a reunião é amanhã.
- Mas o senhor ligou hoje cedo...
- Só pra lembrar a vocês... Oh irmã, me perdoe, esqueci que o irmão Claudio não está mais estre nós.

Por Marvim Mota

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Oi

Perdido em pensamentos,
Sentindo-se estranho,
Lembrando de um momento
Que talvez seja sonho,
Ontem.

O que era, que não é, que já foi.
Apegado a imagem de um oi.
Uma fagulha de esperança que irradia a mente,
Apesar de não ser nada, sabe disso e pra si mente.

O ontem que não volta,
E se voltasse, que importa?

Você não entenderia, talvez nimguem realmente entenda.
Não ha uma ânsia por retorno, mas é o que ouve que lhe contenta.

O fonema dos lábios a sua frente,
Foi um segundo que se passou.
Não significou nada pra essa gente,
Na mente dele, ela o enxergou.

Por Marvim Mota

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Na Cidade da minha Mente

   Odeio essa expressão irônica da folha em branco me encarando, seguro o lápis no ar esperando a ideia brotar... E nada.
   O papel em branco continua encarando-me ironicamente, gabando-se pela ausência de rabiscos em sua superfície  (Pergunto-me se deixar a minha teimosia de escrever a mão e passar  digitar os textos evitaria esses constrangimentos).
   Respiro fundo e visito os recônditos da minha mente em busca de alguma ideia antiga, o que avisto é assombroso... Há uma cidade  lá, repleta de historias e personagens abandonados. Ao me ver, todos se aproximam, querem ser escritos, querem saber os rumos de suas histórias, (mal sabem eles que nem eu sei o rumo da maioria deles)...Meu desejo é um texto curto. Procuro entre eles alguém que possua uma breve aventura que resuma sua vida em uma ou duas paginas, Mas todos possuem características marcantes que, ao meu ver, seria u desperdício rejeita-las.
   Entretanto, minha coragem para historias longas está meio fraca... Decido observa-los, são tantos, até mesmo personagens que não são minhas criações estão ali.
   Os ninjas da noite (!!!)... minha primeira criação... Estão reunidos, implorando um remake... E que "por favor, mude o titulo".
   Mais próximo a mim, outro personagem... Cometa, diz já conhecer seu trágico fim, mas gostaria de vê-lo num papel. Atras dele, vejo Vertigo me mostrando suas inúmeras versões, me pedindo para escolher uma, "qualquer uma", disse ele.
   Red, me ameaça com uma arma estranha, diz que vai explodir meu cabeção se eu não escreve-lo, depois sorri e me abraça afagando minha cabeça, dizendo estar brincando. (Não falei nada, mas tive duvidas quanto a isso.).
   Um jovem nefilin apareceu ofegante, pediu para que eu contasse sua historia. Perguntei o motivo da falta de folego, ele contou que estava cassando uma entidade demoníaca e não podia ficar ali, saiu voando.
   Havia outros que eu não conhecia, mas já imaginava seus enredos. Decidi voltar a minha normal consciência (se é que minha consciência é normal) para decidir o que escrever, olho o papel e... Ora, vejam só! Escrevi algo! Não é grande coisa e não quer dizer nada, mas enfim, é um texto.
   Meus personagens vão ter que esperar um pouco mais.

Por Marvim Mota

sábado, 17 de novembro de 2012

Virgulas, não atrapalhem a poesia.


Você 
mexas cor de mel mechas com meu céu...
mas deixa azul que é bonito
meu amarelo de um elo esquisito 
meio borrão
mas pra você fiz um som de verão 
como a Estrela da manhã
e nosso amanhã um dia sera o agora?
ou só outra hora?
desculpas pra falar sem dizer de você
Ha uma fome no meu ser...
quanto ao bolo sabor de saber ..
que gere mas prazer que a cereja.
ou seja quem eu sou tu gostas de quem eu seja
que cereja? você sabe! todo bolo bom tem com certeza
é só o que tenho meu empenho basta? e não importa quem faça o que se é amor não passa não gasta..

Por Vinicius Santos

domingo, 11 de novembro de 2012

Fim de Tarde

Estou cansado,
A hora não passa
A mensagem não chega
O dia se atrasa
Não ha nada na mesa
Não ha nada na mão
Quase joguei ao chão
O que foi dado a mim
será sim, será não.

Estou cansado,
Quero descansar os pés
Quero deitar na cama
Esquecer os fieis
Nunca liguei pra fama.
Desligar a bateria
E talvez o microfone
Esquecer a ousadia
E ser só mais um homem

Estou cansado,
Quero descansar a dor
Nunca quis ser ator
Esqueci o que é fingir
Ainda da pra sentir.
Falar doí ainda mais
Tentar ser bom rapaz
Todos dizem que não
Não tem Teu coração
Sento aqui, tomo um chá
Até a dor passar
E não olho pra lá
Sento, espero.

Estar cansado,
Privilegio que não é meu
Sem fé pra ser ateu
Desistir é pros fracos
Digo aos meus sapatos
Levanto, ando, Vou.

Por Marvim Mota

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A intrigante história de como cheguei aqui

   É estranho, eu sei, mas ainda me lembro de como tudo aconteceu.
   Eu estava lá, nadando vagarosamente, coçando minha calda, trocando um papo legal com outro espermatozoide que estava ali de bobeira. Não era uma conversa muito interessante eu admito, mas um papo tranquilo, daqueles que agente tem quando quer conversar mas não quer pensar muito.
   De repente ouve uma agitação, notei que meus companheiros estavam inquietos, todos falavam ao mesmo tempo então eu não conseguia entender o assunto. De repente um tremor assombroso e todos silenciaram... No entanto, notei que não havia panico em meus colegas, mas ansiedade.  Curioso, decidi perguntar o que estava acontecendo, mas antes que eu começasse a frase, todos inesperadamente começaram a nadar para longe, (na verdade, praticamente voavam)... Por um segundo eu observei aquela loucura, depois pensei:
 -"Se todos estão correndo tão loucamente na mesma direção, é porque algo bom está lá, e levando em consideração o caráter desses egoístas miseráveis, não deve haver o suficiente para todos."
   Imediatamente me pus a nadar como um desesperado e logo já havia alcançado a enorme balburdia dos meus atuais adversários. Eram milhões nadando juntos, na mesma direção, gritando e praguejando.
   Avistei a uma curta distancia o colega com quem eu papeava antes da confusão e decidi tirar a duvida, devido ao barulho do momento eu tive que perguntar berrando:
 -Porque todos estão nadando nessa direção?!
 - Sei lá, mas deve ser algo bom. E não deve ter pra todos.
   Nos encaramos, e um sentimento de competição nos tomou. Nadamos velozmente  atravessando os mínimos espaços vazios deixados pelos adversários, já estávamos a frente e pareados um com o outro quando avistamos à nossa frente uma enorme esfera rosada. Achei estranho: "Era isso?! Bom, deve ser de comer.". Aproveitei o embasbacamento do meu oponente e avancei como um raio em direção a esfera, fui tão veloz que atravessei sua camada indo parar em seu interior. Nadei procurando a saída, mas não encontrava. Ouvia meus antigos parceiros praguejando a derrota (que eu não entendia), até que suas vozes foram silenciando-se.
   As transformações começaram lentamente, e depois de 9 meses chegaram ao fim e eu nasci.
   O que eu achei desse lado do mundo? Bom, se eu soubesse que era para isso que eu estava nadando, teria ficado lá coçando minha calda.

Por Marvim Mota

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Mora amor Roma

O amor não é sorte
Não é euforia, excitação,
Não é vida, nem morte.

O amor não é poesia,
É uma pena que não seja música
O amor não é realidade nem fantasia.

O amor não é trato,
não é a comida no prato
nem o outro par do sapato.
Não é boato nem fato.
Não é começo nem fim.

O amor não é um espasmo,
não é um sorriso farto,
não é Kurt Cobain.
Não está escrito no espaço,
talvez em Paulo de Tarso
ou talvez em nimguem.

O amor não é nós,
é só eu e você,
é a complexa voz que não tem nada a dizer.
Defini-lo contudo é uma tarefa inexata
pois o amor é um tudo
recheado de nada.


Por Marvim Mota