Claudio fechou a porta atras de si e foi se arrastando pela sala, teve um dia cheio no trabalho, tudo que mais queria agora era tomar um banho e dormir:
-Rápido! Rápido Toma banho que a gente já ta atrasado. (diz sua esposa Sônia passando por ele com as sandálias na mão).
- Atrasados? Pra que?
- Pra reunião na igreja, esqueceu? O pastor não quer que nimguem falte.
A reunião, é claro. Claudio passa a mão pelo rosto franzindo o cenho. Não consegue entender por que o pastor faz tantas reuniões: Reunião pra tratar das crianças, reunião pra oração, reunião da reforma, reunião pra cantina... Ele é o pastor, ora bolas, não era ele que devia decidir?
- Não vou. (Disparou Claudio).
- Como é?
- Olha Sônia, eu to cansado, quero dormir. Se quiser, pode ir.
- Eu não posso ir sozinha. Se chegar lá sem você vão pensar que a gente brigou, que você ta desviado ou sei lá o que.
- Então não vai. (Disse ele já entrando no banheiro).
Depois do banho, ele deitou. Sônia foi assistir um pouco... O telefone toca:
- Alô?
- Paz do Senhor irmã Sônia.
O pastor!
- A paz pastor! Que surpresa!
- Só queria saber como estão.
- Ah... tudo na benção.
- Bem, é que...
Ah não, agora o pastor iria repreende-la, da-lhe um sermão longo sobre aqueles que fazem a obra do Senhor de forma negligente... Ela não iria aguentar, como olharia para o pastor no domingo? Então o interrompeu antes que começasse:
- O Claudio está doente.
- Doente? O que ele tem?
- Ah, é... Febre, olhos vermelhos, dor no corpo, uma coisa bem estranha.
- Mas ele estava tão bem.
- Pois é pastor, essas coisas acontecem.
- Bom, eu to perto dai, vou passar aí rápido pra vê-lo.
- Não pastor, não...
Já havia desligado. Sônia corre para o quarto pra acordar o marido e contar o caso:
- Por que você fez isso? ( Irritou-se ele).
- O que queria que eu dissesse?
- Tudo bem, quando ele chegar eu explico tudo.
- Ótimo, então diz a ele também que preferiu ficar dormindo do que ir pra reunião.
Claudio lança-lhe um olhar de espanto como se só agora lembrasse de tudo. De repente, duas batidas na porta:
- É ele. (Sussurra Sônia).
- Shhh.
Depois de poucos minutos as batidas sessaram. Os dois continuaram em silencio. O celular toca:
- A paz pastor. (Atende Sônia arregalando os olhos pra Claudio que agora perambula pela sala).
- Ah o Senhor esteve em casa? Bom, é que... O Claudio piorou, Apareceram manchas verdes nele, e as unhas... Ficaram azuis... É azuis, é... Aí eu tô no táxi a caminho do hospital, quando eu chegar lá ligo pro senhor.
Ela desliga, Claudio suspira:
- É melhor a gente dormir. (Fala ele).
- E depois?
- Depois o que?
- O que vamos dizer? (Pergunta Sônia preocupada).
- Ah, diz que foi um milagre, sei lá, qualquer coisa.
Os dois deitam, em poucos segundos dormem. No meio da madrugada o celular toca. Meio sonolenta Sônia atende:
- Alô?
- Sônia! Como ele está?! Ta melhor?!
O pastor! Sônia salta na cama ficando de pé sobre ela, no movimento, Claudio acorda gritando. O pastor preocupado pergunta:
- Jesus! É a voz dele! Sônia! O que aconteceu?!
- Er... Ele... Ele...
Claudio percebe o que ha e revira os olhos. Sônia lhe chuta o braço e ele grita novamente. Ela embarga a voz:
- Ah pastor ele piorou.
- Mais?! (Indaga o pastor em espanto).
- A cena é horrível, a barriga cresceu e o cabelo caiu.
- Misericórdia Senhor! Irmã isso não é normal!
- Deve ser coisa do inimigo. (Diz ela simulando choro).
- Me diga em que hospital vocês estão, que eu vou até aí orar por ele.
- NÃO! (Grita ela).
- Não?!
- Não... Não...
Sônia começa a gritar e chorar, Claudio arregala os olhos confuso:
- Não! Não meu Deus!
- Sônia! O que ouve irmã?!
- O CLAUDIO MORREU PASTOR!!!
- Oh Jesus... Irmão Claudio não!
O pastor desaba em prantos. Sônia ainda gritava, Claudio pedia pra ela ser mais cautelosa para não acordar os vizinho:
- POR QUÊ?! CLAUDIO NÃO! OOOOIII PASTOR!!!
Ainda em meio as lagrimas o pastor lembra da igreja:
- Irmã, vou cancelar a reunião de amanhã, pra quer possamos orar para o Senhor lhe dar forças.
- Iria ter outra reunião amanhã?
- Não irmã, a reunião é amanhã.
- Mas o senhor ligou hoje cedo...
- Só pra lembrar a vocês... Oh irmã, me perdoe, esqueci que o irmão Claudio não está mais estre nós.
Por Marvim Mota